terça-feira, 26 de abril de 2011

TACHELES: CULTURA VERSUS CAPITALISMO


                                           portões de entrada

Construída em 1907 com a destinação de ser um grande centro comercial que em pouco tempo foi à falência, a Casa de Cultura Tacheles localizada em Berlim Mitte, parte da antiga Alemanha oriental, hoje é vista como um ponto de encontro de cultura e arte.

 
esculturas de ferro e quadros

Na segunda guerra mundial o prédio foi tomado pelos nazistas para ser utilizado para administração e organização dos departamentos e o quinto andar foi utilizado para deter prisioneiros de guerra.
Entre 1943 e 1945 o prédio foi bombardeado várias vezes e teve parte de sua estrutura comprometida, mas não foi completamente destruído.
Depois 1948 não havia recursos para a reconstrução do edifício e o governo alemão fazia planos futuros para a área em questão. A estrutura sólida que restou foi utilizada como depósito de materiais de construção e a área bombardeada  ruia aos poucos. O que se encontrava de pé estava planejado para ser demolido em abril de 1990.

parte lateral do prédio e pátio

     visão pela parte dos fundos junto ao jardim de esculturas

Depois da queda do muro em 1989 a sub-cultura mantinha seu o foco em improvisação, espontaneidade e autonomia. Artistas procuravam espaços para colocar em prática o estilo de vida alternativo.
Em fevereiro de 1990 o prédio foi descoberto e tomado por um grupo de jovens artistas e ao longo dos anos foi tombado como patrimônio histórico. Muitos artistas passaram a utilizar o edifício para expor seu trabalho e desenvolver suas idéias, o nome TACHELES ficou famoso e foi levado ao pé da letra, que traduzido do hebraico  seu significado é: COMUNICAR-SE, REVELAR, SER CLARO.

galeria onde artistas vendem seus trabalhos

outra galeria

estúdio

             escultura cyber futurística no meio da galeria hippye

trabalhos 

galeria hippye
                                      
Desde o início o espaço foi utilizado para workshops, instalações, exposição de quadros e esculturas, shows e intervenções performáticas, poesia e teatro. No local formaram-se espaços como cafés, cinema, palcos e bares além das mais de 30 salas utilizadas pelos artistas para expor suas obras.

exposição permanente de Alex Rodin no quinto andar

galeria de Alex Rodin

trabalhos de Alex Rodin


                                           mais trabalhos de Alex Rodin

O espaço é tão intenso que ao caminharmos por ali conseguimos sentir parte da energia histórica com influências positivas e também negativas que existem até hoje encravada em suas entranhas. Ao passar por dentro das instalações da pra perceber uma atmosfera única e reconhecer que suas paredes grafitadas e pixadas, se pudessem falar, teriam inúmeras histórias pra contar.

paredes do prédio com vários tipos de manifestações

                                             
                                                      escadarias

                                            mais paredes e escadas

Tacheles também teve o reconhecimento do governo de Berlim e recebeu anualmente subsídios para ajudar financeiramente parte dos projetos que lá se encontravam. A região ao redor se tornou chique e sofisticada e hoje o ponto que ja foi um bairro judeu se encontra em uma região muito valorizada.
A aparência em ruínas, sua história e sua arte, tornou a Kunsthaus famosa, constando em muitos guias internacionais.Todos lucram com o nome e fama de Tacheles, menos a própria casa. O comércio ao redor ainda tira muita vantagem, na mesma rua, praticamente em frente ao local há restaurantes de luxo recebendo turistas de todo mundo que vem pra visitar a casa de cultura que se tornou um símbolo mundial da explosão artística de Berlim.        
a esquerda restaurantes de luxo, a direita a famosa Tacheles

Há anos bancos, investidores, artistas e a própria administração de Berlim estão em conflito por causa do lugar. Em 1998 o terreno foi vendido para um grupo imobiliário e posteriormente a um banco que hoje pressiona para a desocupação. Em 2002 deixou de receber o subsídio de estatais, o que o deixou em uma situação desvantajosa. Conseguiu até 2008 através de uma acordo, se manter por uma quantia mensal simbólica de cinquenta centavos de euros. Depois de vencido, o acordo não foi renovado, o grupo imobiliário teve que se desfazer da propriedade vendendo-a a um banco para poder saldar suas dívidas. As cobranças hoje alegadas pelo banco, são de até 17 mil euros por mês, quantia que os artistas e a curadoria da casa não tem condições de pagar.

pátio que leva aos escultores que trabalham com fundição de ferro 

Hoje mais uma vez a casa se encontra ameaçada devido as altas taxas que o banco deseja cobrar,  e além disso investidores desejam demolir o prédio para construir apartamentos de luxo. Os artistas que lá se encontram não irão abandonar o edifício por vontade própria. A cidade não se arrisca a fazer um despejo forçado para não manchar seu nome com o turismo internacional, essa é a esperança que resta.

O cerco está se apertando e a pressão financeira está surgindo. O acesso direto para a parte de trás, onde se encontram artistas trabalhando em suas esculturas de ferro foi bloqueado, um muro foi construído da noite para o dia e o pátio não pode mais ser utilizado. Os artistas estão com medo por causa do futuro incerto e agora os turistas e amantes da arte devem fazer um longo contorno para poder chegar a um de seus destinos.

placa indicando que apesar da passagem estar bloqueada 
os artistas ainda se encontram em seus espaços trabalhando

cartaz com foto do muro construído há 2 semanas atrás

    indicação do caminho para chegar ao parque de esculturas
                                    
                                       
                         parque de esculturas com suas galerias

 
galerias de fundição de ferro

 
escultura de búfalo

                                                     escultura de macaco

homem de ferro sentado em frente à casa de fundição

                                                    parque de esculturas

 O pátio onde se encontrava os fundos de bares como o Zapata e Estúdio 54 e onde no inverno se faziam aconchegantes fogueiras e vendiam vinho quente e no verão festas também não pode mais ser acessado.

                                        
                                                       pátio dos bares

   
                 manifestação contra o muro construído e o corte da água
                                 
O capitalismo está como sempre ameaçando a arte, como fazer para salvar essa relíquia histórica?
Decidi divulgar essa  história para que haja o conhecimento disso em outras partes do mundo...
O muro foi construído há duas semanas atrás, passei por lá e conversei com alguns dos artistas e as respostas são incertas e as informações são escassas. Advogados estão sendo contratados mas ninguém sabe qual é o futuro do espaço que resiste há 21 anos. abaixo assinados circulam por todo o lugar.
Passei pela administração e infelizmente não havia nenhum responsável no momento. Pretendo voltar...
Por enquanto o jeito é fechar os olhos, fazer vibrações positivas e rezar para que a melhor decisão seja tomada.
TACHELES EU APOIO. E VOCÊ?
Por favor se possível deixe um comentário.
Martha Lange

sexta-feira, 15 de abril de 2011

fases da vida


Não escrevi antes por que estava vivendo, pra falar a verdade eu estava AMANDO! =)
Tenho que admitir que perdi o foco. Ooops foi mal! Perdi, mas já achei de novo!
Ta, eu produzo mais quando estou sóbria (de amor). Verdade, mas gosto menos de mim, isso é inadmissível!
 Percebi algumas coisas na minha vida: tenho muita fome: fome de viver, fome de experimentar, fome de conhecer e fome amar!
Vim pra Alemanha com a esperança de experimentar uma vida nova, não sabia bem o que.
E por mais que eu trabalhasse ou estudasse, tinha alguma coisa me incomodando, cutucando. Estava  lá agarrada dentro de mim, louca pra achar um jeito de me dominar. Depois de muitos anos ela conseguiu: a vontade de sair do país tomou conta de mim por inteiro.
Graças ao apoio de pessoas muito especiais, peguei um avião e vim, desci em Berlim com a cara e a coragem, vim realizar um sonho que estava guardado lá no fundo da gaveta.
Logo que cheguei, encontrei a cidade esplendorosa em clima de copa no verão, Alemanha e Brasil chegando perto das finais, o coração da galera estava quente! Novos amigos, novas emoções, muita festa e o amor.... ahhh o amor!
Conheci um alemão, (mein Schatz!). Loiro, alto, com olhos cor de mel, bem humorado, sensível, engraçado. Acho que o que eu mais gostei foi dos lábios, que ao se movimentarem me beijavam e também deles soava uma voz que me acompanhou ao telefone por muitos dias e noites. Muito mais do que os dias vividos e noites dormidas junto,s enquanto durou esse intenso amor. Coisa do destino!
Ele me ajudou com tudo o que eu precisava pra começar uma vida nova, abrir conta no banco, conseguir bolsa de estudos, plano de saúde... Ufa! Não foi nada fácil.
Me deu apoio, e quando eu chorei por causa de problemas de saúde e saudades da família, me envolveu com carinho e chorou junto comigo.
O tempo passou e a realidade veio a tona, chegou a temida distância. Acontece que ele mora em outra cidade, bem longe. Voltei pra começar a minha rotina em Berlim e ele a dele, em Wiesbaden.
Por que depois de atravessar um oceano inteiro fui me apaixonar por alguém que morava longe? Por que? Por quê?
A distância é uma inimiga cruel  e com ela chegaram também as brigas e o medo apareceu. Medo de perder, medo de não conseguir manter a sintonia, medo de não dar tempo ao tempo pra finalmente conseguir ficar mais tempo juntos... (Dá pra entender?)
E aí veio o inverno avassalador, contra ele é quase impossível lutar. Ainda mais quando se esta longe e sem tempo. Mudam os humores, os sentimentos e muda a vida (de novo).
A distância, o inverno, o tempo, venceram um amor que estava dentro de mim e tava começando a querer crescer e tomar forma, como um bulbo que contém uma flor.
Venceram mas não mataram, ele ainda existe, só precisa se transformar e se alimentar novamente. Ele ta lá no meu coração, um coração que já ta todo arranhado, mas ainda é forte o bastante pra guardar dentro de si a maior das preciosidades, a essência ta lá, e o coração ainda bate.
Quer saber? Continuo com fome, só que dessa vez acho que vou partir pra uma alimentação mais saudável sem dependências. O amor esta novamente crescendo, só que essa vez ele surge de dentro pra fora, pela força do amor que sinto por mim mesma, e pela vida. O amor ta brotando de dentro de mim! E a flor agora nasce de uma fonte mais saudável.
O telefone, de vez em quando ainda toca...